segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Uma história Ítalo-brasileira com certeza!

Beijo na Times Square -1945

Venho contar uma história que poderia ser facilmente um conto de fadas. Mas foi bem real. Prova de que o amor tudo vence, tudo suporta.
Meu nome é Maria. Nasci brasileira, carioca da gema, em uma época de guerras e sonhos, de tristezas e alegrias. Cresci em família pobre, porém digna. Como toda menina, sonhava encontrar o verdadeiro amor, o príncipe de armadura brilhante, montado em seu cavalo branco. Mas o meu príncipe veio de navio...

Estávamos no final da segunda guerra, e as restrições de fronteiras entre aliados X Eixo, trouxeram meu soldado italiano, meu príncipe para mim. Como se sabe, era muito difícil, naquela época, que italianos pudessem entrar nos Estados Unidos da América. As fronteiras estavam fechadas entre esses dois países. Mas uma boa forma de driblar esse obstáculo era através da minha terra querida, que era neutra. 

O rei, pai de meu príncipe, convocou seus filhos para juntarem-se a ele na terra das oportunidades, a terra do Tio Sam. Mas o único jeito era seguir viagem de navio até o Brasil, e daqui embarcar para os E.U.A. Tudo arranjado, meu príncipe e seus irmãos vieram para o Brasil morar com uma tia, temporariamente, que o destino quis que fosse minha vizinha. Quando vi aquele italiano de olhos cor do mar, meu coração teve certeza de que seria dele para sempre.

Eu era apenas uma menina, flor desabrochando em quinze primaveras, e o senhor meu pai nem poderia imaginar sua linda filha casando, muito menos com um "carcamano".   O amor foi mútuo, correspondido. E como bravo guerreiro, meu príncipe enfrentou meu pai , e com todo respeito pediu minha mão. Mas o irredutível albanês, para acabar com este desvario, me mandou para o interior, onde segundo sua opinião, colocaria minha cabeça no lugar. E assim passaram-se três meses. 

O amor não mede tempo, barreiras, não vê as dificuldades. E assim, depois de três meses, eu estava de volta com uma decisão: disse ao meu pai, que só sairia novamente daquela casa ou casada ou em um caixão. Meu pai cedeu então. Mas a vida ainda iria pregar-nos uma peça, ao meu amor e eu. O rei, angustiado com a demora de seus filhos partirem para seu destino inicial, manda que todos partam imediatamente rumo ao norte. Meu príncipe não teve escolha. Mas partiu em meio à juras de amor eterno. 

Quando o rei soube da "loucura" que meu príncipe pensava em fazer, casar-se com uma cabocla, praticamente uma "selvagem", proibiu terminantemente meu príncipe de seguir adiante com sua intenção, sob ameaça de perder o reino e a sucessão ao trono. O amor falou mais alto, e depois de um ano, e várias tentativas frustradas do rei de arrumar uma princesa para seu filho, ele finalmente concordou que meu príncipe voltasse à terra mãe gentil, com uma condição: De que ele provasse ser capaz de construir seu próprio reino, prosperasse e então voltaria aos E.U. A. com sua esposa.

E meu príncipe voltou. E em um doce novembro, eu era a noiva mais feliz do mundo. Tivemos filhos, prosperamos, para o norte viajamos, lutamos, tivemos perdas, voltamos, empobrecemos, enricamos, nos remediamos, nossos filhos criamos e cinquenta anos se passaram desde então. Vivemos, brigamos, nos reconciliamos, como todo casal que se ama faria. Mas disso tudo, só tenho uma coisa a dizer: se pudesse voltar no tempo faria tudo outra vez.

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